Pier Giorgio Frassati e os sacerdotes.

Alberto V.Zuben no quarto de Pier Giorgio.
Alberto V.Zuben no quarto de Pier Giorgio.

Roberto Falciola*

 

“A estrada de todo homem que tem fé não é solitária  mas sim acompanhada da comunidade na qual aprende que somo unidos por Deus como família.

No caminho de Pier Giorgio encontram-se outros guias,entre sacerdotes e consagrados ao povo de Deus.Na sua infância seu primeiro confessor foi o cônego Grosso e seu preceptor de latim,dom Antonio Cojazzi( Que foi seu primeiro biografo) contam que era quase impossível satisfazer seu  sempre desejo de  aprender o Evangelho.A sua entrada no Instituto Social dirigido pelos padres jesuítas em 1913,provocada por uma situação é um momento decisivo.É encorajado pelo diretor espiritual padre Lombardi a receber todos os dias a comunhão.Depois de algumas conversas com a mãe que era contra pois via nessa prática para uma criança de 13 anos o perigo de se tornar um ato rotineiro e não um verdadeiro Encontro com Jesus,passa a obter da mesma a permissão.Deste momento,seu encontro com Jesus na Eucaristia será o centro de sua vida espiritual.

No Instituto Social a sua religiosidade toma outras dimensões até então ignoradas.Passa a participar de algumas associações entre as quais o Apostolado da Oração e a Congregação Mariana de cunho espiritual.Aos dezessete anos entra na Conferencia de São Vicente assumindo assim um empenho constante de caridade.Todas essas conferencias e associações serão de extrema importância na vida de Pier Giorgio pois será a preparação e amadurecimento de sua fé que o levara a se consagrar com leigo dominicano em 1922.Ou seja viver a espiritualidade dominicana no meio do mundo,no seu ambiente familiar,de estudo e amizade.Dar verdadeiro testemunho de cristão.

Muitos serão os sacerdotes e religiosos encontrados por Pier Giorgio e entre esse muitos terão com ele um laço de amizade. Entre estes destacam-se dom Alessandro Roccati que o batizou e o viu falecer,os padres Filippo e Francesco Robotti,Ângelo Arrighini  todos dominicanos. Dom Mario Frassati,não pertenceu a família,foi vigário de Pollone,muito próximo e amado por Pier Giorgio.Podemos destacar ainda o Cardeal Giuseppe Gamba que o conhece em Novara em um congresso da Juventude Católica antes de se tornar arcebispo de Torino, e que nutre por ele um grande e paterno afeto.Don Karl Sonnenschein,sacerdote,sociólogo ,considerado o “São Francisco de Berlim”organizador do movimento católico alemão,empenhado em uma incensaste trabalho apostólico após a Guerra de  1918,  Pier Giorgio o  conheceu quando de sua estadia em Berlim.

Lembramos também os párocos das cidades em que Pier Giorgio sempre procurava passar suas férias e finais de semanas.Religiosos e religiosas que sempre tiveram uma amizade baseada no respeito e no carinho,com a disposição de quem busca e aceita um conselho,uma palavra,uma luz.”

Que neste mês vocacional possamos aprender com Pier Giorgio a amar e a rezar pelos nossos sacerdotes pedindo ao Senhor da messe que os conserve sempre com uma fé firme e forte e um verdadeiro desejo de amor pela Igreja e pela salvação das almas.

Que muitos jovens deixem –se guiar pelo chamado de Jesus que continua passando e dizendo:”Vem e segue-me”.

 

*Leigo,Vice postulador da Causa de Canonização de Pier Giorgio Frassati,

presidente da Opera Diocesana P.Giorgio Frassati de Torino.

Redator editorial e escritor.

 

** Tradução livre de “Pier Giorgio Frassati – “Non vivacchiare ma vivere” de Roberto Faciola.

Libreria Editrice Vaticana

 

Pier Giorgio Frassati- verdadeiro filho de São Domingos.

Eduardo Henrique Da Silva

Os primeiros discípulos de são Domingos apresentam –no como um “Homem Evangélico”,Pier Giorgio ao ser incorporado a Ordem dos Pregadores que procurou em tudo imitar a São Domingos na busca e no amor a Verdade que mereceu ser chamado “jovem das oito bem aventuranças”

A sua primeira adesão a regra de São Domingos foi em 1921,no dia 22 de abril,quando recebeu a medalha da Milícia Angélica em sinal da devoção ao santo.

Um ano mais tarde,será recebido na Ordem Terceira Dominicana ( hoje Fraternidade Leiga Dominicana)na qual assume o nome de Frei Jerônimo,em homenagem ao frade

Savonarola.Por que terá querido colocar –se sob  essa estranha proteção?

Um dos seus coirmãos na Ordem Terceira irá nos contar:”Pier Giorgio quis tomar o nome de Jerônimo em memória de Savonarola, pela qual tinha grande admiração.A fisionomia desse frade,que tanto desejara o bem espiritual dos seus concidadãos, inspirava-lhe profunda simpatia.Não ocultava sua admiração pela audácia e energia raras,com que fulminará a imoralidade que nessa época,invadia todas as classes sociais,principalmente as mais elevadas.Queria bem a esse frade que morreu em uma fogueira,ligou seu nome a uma reforma democrática e fez o povo proferir em altas vozes a proclamação que ainda hoje se lê nas paredes do Palazzo Vecchio: “Jesus Cristo,Rei dos Florentinos   por decreto do povo!”

É importante fazer notar que Pier Giorgio pertenceu a várias associações religiosas que foram preparando e amadurecendo a sua fé até chegar ao ápice da sua consagração como leigo dominicano. “Eles se caracterizam por uma espiritualidade própria e pelo engajamento ao serviço de Deus e do próximo na Igreja. Como membros da Ordem, eles participam de sua missão apostólica pela oração, pelo estudo e pela pregação, conforme sua condição de leigos”.

No dia 28 de maio de 1922 recebia o branco  escapulário de São Domingos que o padre Mario Desiderio assim relatara:” Fiquei impressionado pela compostura,seriedade e devoção deste jovem robusto ,elegantemente vestido,de belo aspecto,que tomou o nome de frei Jerônimo.Lembro a alegria ,o júbilo daquele jovem e o barulho que com os outros fizera: parecia que sacristia,igreja e convento caíssem por terra”

Quem presidia a função na igreja dos  dominicanos de Torino era o padre Benedetto Berro que fez iniciando com um sermão.estavam presentes  os padres Giuliani,Ibertis,os padres do convento e um grupo de noviços.Fazia-se presente  o Mestre Geral da Ordem,Padre Martinho Gilet vindo de Paris para algumas conferencias em francês.

Pier Giorgio se encontrava reluzente com os olhos cheio de alegria.Pier Giorgio sentiu-se desde aquele dia um religioso no mundo.” Para incorporar-se à Ordem, os membros das Fraternidades devem fazer um compromisso que consiste numa promessa formal de viver segundo o espírito de São Domingos e a forma de vida indicada pela Regra. Este compromisso pode ser temporário ou definitivo. Ele se fará por esta fórmula ou uma outra substancialmente semelhante:
“Em honra do Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, da bem aventurada Virgem Maria e de São Domingos, eu N. N. diante de vós N. N. Coordenador(a) da Fraternidade, e vós N. N., Assistente religioso(a), representando o Mestre da Ordem dos Frades Pregadores, prometo viver segundo a regra dos Leigos de São Domingos, durante três anos – durante toda a minha vida”.(1)

Levando a serio a sua consagração e a busca pela “Verdade’.Era assíduo na reza do rosário e do ofício da Bem Aventurada Virgem Maria  próprio da Ordem Dominicana.Fazia sempre o uso do distintivo da Ordem.

“Durante sua curta vida como Dominicano, somente três anos, o bem-aventurado Frassati  foi um modelo como membro moderno do Laicato Dominicano. Sua vida foi um advento da Constituição Fundamental do presente Laicato Dominicano. O saber de uma pessoa chamada à santidade em virtude de seu Batismo e Crisma é um testemunho para a teologia do Laicato que encontramos nos ensinamentos do Concílio Vaticano II.”(2)

(1)(2) O projeto de São Domingos –Padre Alfonso D Amato,OP.

http://www.dominicanos.org.br/

Caminhando com Pier Giorgio Frassati – Verso L’alto!

Elisabeth V Zoben diante de Pier Giorgio.
Elisabeth V Zoben diante de Pier Giorgio.

 

 

Elisabeth Ming Von Zuben*

Quando conheci Pier Giorgio Frassati não imaginava que nossa amizade me levaria a trilhar caminhos como os que tenho percorrido…

A admiração por esse jovem de Deus, “O Homem das 8 Bem-Aventuranças”, foi imediata! Os mesmos ideais de vida nos aproximaram e nos aproximam a cada dia.

Ao longo de minha peregrinacão por esse mundo, tenho vivido experiências que marcaram profundamente a alma e o dia de hoje eu chamaria de ÚNICO…!

Conhecer a história de Frassati, um jovem que se tornou referência para tantos outros jovens, é algo que trago com muito carinho e zelo no coração.

Quanto mais me aprofundo na história de vida de Pier Giorgio compreendo que é possível lutar por ideais de amor, justiça, paz, cuja fonte é o Cristo Vivo e ressuscitado em nosso meio, ELE, a PAZ VERDADEIRA E PERFEITA, que o mundo tanto busca…

Nesse dia, de maneira especial, o Senhor me permitiu conhecer um pouco mais da vida de Pier Giorgio Frassati! Deus Pai, em Seu infinito Amor, permitiu que eu estivesse no Santuário di Oropa e tb em Pollone, na casa onde Pier Giorgio Frassati viveu momentos de felicidade, para poder experimentar daquilo que Pier Giorgio mais amava: a NATUREZA, as FLORES…a MONTANHA…todo esse contexto tendo como Autor principal Nosso Bondoso Deus, Supremo Criador, que ao criar céus, terra, mares e tudo o q eles contém…nos demonstrou seu imenso AMOR através de Sua obra…! Pier Giorgio Frassati soube reconhecer nas maravilhas da Criação os rastros de Deus…Amou a Natureza, amou os amigos, amou os pequeninos do reino…obra mais do que especial!

Diante de tamanha alegria vivida no dia de hoje, me coloco diante de Ti, Senhor, como serva e, renovo meu chamado:

“VERSO L’ALTO!!!”

FRASSATI é SETA que conduz à META=>JESUS!!!

À todos os amados familiares e amigos, à amada FRATERNIDADE FRASSATI, um grande:

Saluto in Gesù!!!

Salve Madre Dolcissima!

ESTAMOS JUNTOS!=>VERSO L’ALTO!

*Grande entusiasta de Pier Giorgio Frassati

Pier Giorgio Frassati- A santidade pertence aos jovens?

 

* Maria de Lorenzo

 

A vida de Pier Giorgio Frassati poderia parecer incompleta,pelo menos aos olhos do mundo:estudos truncados pouco antes do suspirado diploma de licenciatura, projetos profissionais abortados,realizações afetivas “não concretizadas”…E,no entanto,Pier Giorgio,em maio de 1990,foi reconhecido pela Igreja como bem Aventurado.A sua vida-tão breve como um relâmpago –que,em muitos aspectos,nos parece irrealizada,foi perfeitamente realizada em Cristo.

 

Em vinte e quatro anos apenas,Pier Giorgio atingiu a meta da santidade.E perguntamos:

Como é possível,se a muitos,para lá chegar,não é suficiente uma vida inteira?Será que a santidade pertence aos jovens?

“Por vezes,quando se olha para os jovens com os problemas e as fragilidades que os marcam na sociedade contemporânea,há uma tendência para o pessimismo”,escreveu com  franqueza João Paulo II,na Carta Apostólica Novo millenio inneunte,para confessar imediatamente depois:” O Jubileu dos Jovens faz-nos sentir como que “deslocados”,entregando-nos a mensagem de uma juventude que exprime um anseio profundo,apesar das possíveis ambigüidades,pelos valores autênticos que tem em Cristo a sua plenitude.Porventura Cristo não é o segredo da verdadeira liberdade e da alegria profunda do coração?

 

Pier Giorgio tinha compreendido isto e,antes dele,na fila dos santos jovens que a Igreja  enumera,já o tinha entendido Santa Teresa do Menino Jesus.Sem fazer nada particularmente extraordinário ,sem fazer gestos excepcionais.Tanto Santa Teresa como Pier Giorgio nem sequer fundaram congregações  nem realizaram empreendimentos espalhafatosos.Nem mesmo foram para terras de missão como o risco da própria vida.

 

Teresinha ,que caminhava no seu claustro para que um missionário tivesse força para caminhar na savana, nunca saiu do Carmelo de Lisieux:não obstante,foi proclamada “Padroeira das Missões”.Antes dela,pensava-se que a santidade consistia em fazer coisas excepcionais e que não podia realizar na normalidade de uma existência vivida brevemente e ou no se fechar em um claustro.

 

Com Pier Giorgio- e de maneira ainda mais marcada-,a santidade entrou no quotidiano de uma existência laical que soube dizer o seu sim a Cristo e teve simplesmente a coragem de apostar em Deus, de,como dizia Pascal,”embarcar” na aventura da fé.

Os dois são exemplos mais brilhante de uma juventude que não leva as coisas de animo leve, com a desculpa da idade,pensando- segundo um modo de raciocinar atualmente muito difundido –que terão todo o tempo “depois”para se empenhar e se ocupar das coisas “sérias”da vida.

Estes santos são pessoas realizadas porque confiaram em Deus e, permanecendo no seu amor,souberam percorrer caminhos novos no grande sulcos da caridade,aberto e desenhado pela caminhada bimilenária da Igreja.

Por conseguintes,a santidade não é um opcional,mas a vocação de todos os batizados.”É Jesus que procurais quando sonhais com a felicidade – disse João Paulo II aos jovens em Tor Vegata; é Ele que vos espera,quando nada do que encontrais vos satisfaz;é Ele a beleza que tanto vos atrai;é Ele que vos provoca com aquela sede de radicalidade que impede que vos acomodeis…É Ele,Cristo!”

*Jornalista e escritora.

** Fragmentos do livro: Pier Giorgio Frassati –

L`amore non dice mai”basta”.

2002-Figlie di San Paolo – Milano- It

 

 

Pier Giorgio Frassati e a experiência de Deus.

Silvia Regina Brandão*

Atualmente o contexto cultural no qual se dá o processo educativo de crianças e jovens caracetriza-se por múltiplos e atraentes instrumentos de informação e comunicação, por mudanças rápidas e constantes, por variados e, muitas vezes contraditórios, valores e  referências  propostos pela família, escola, grupo de amigos, etc..  A característica comum a esses ambientes formativos  parece ser a falta de espaço para o acontecer humano, particularmente para o desejo ou exigência humana fundamental de identificar algo de válido e de certo, objetivos sólidos com os quais construir a vida. Há uma busca constante pelo bem-estar momentâneo, um fechamento no horizonte estreito da imanência e do pragmatismo e a experiência da dor por não ser olhado e recebido pelo que se é. Verifica-se claramente a necessidade de escuta e orientação – tanto dos educandos quanto dos educadores – que possibilite a descoberta de si e previna o risco de esvaziamento da pessoa ou de perda da identidade. Diante das solicitações de todo tipo presentes na sociedade contemporânea que, em ritmos crescentes exigem respostas cada vez mais rápidas, torna-se imperioso a existência de espaços de acolhimento do humano – dos jovens e adultos – que favoreçam o processo formativo e de crescimento pessoal. É preciso oferecer ambientes em a pessoa possa existir, ser como é, expressar sua humanidade no que tem de mais orginário que é a busca de sentido, do mistério, do infinito.  A Igreja é chamada a constuir-se cada vez mais em uma morada capaz de acolher o humano, um lugar em que seja possível conhecer pessoas que vivem ou viveram nesse contexto com toda sua humanidade, dando testemunho de que a experiência cristã convém ao homem atual e é essencial para que ele possa lembrar-se de quem ele é. Pier Giorgio comunicou  com sua existência concreta que o encontro com Cristo é interessante para vida, torna-a mais fascinante e realizada. Esse é o nosso desejo e pedido: que possamos fazer a mesma experiência que ele nos dias de hoje.

*Psicóloga, Doutora em Educação,professora da Faculdade Santa Marcelina

Fragmentos do livro escrito por Luciana Frassati, irmã do Beato Pier Giorgio Frassati

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Diego Silva*

Em seu livro: Pier Giorgio Frassati: los dias de su vida, autoria de Luciana Frassati, irmã do Beato Píer Giorgio Frassati, nos traz detalhes valiosos da vida de Píer Giorgio. Primeiro, pelo fato dela ser irmã dele e ter tido um contato muito próximo, segundo, pela confiabilidade nos relatos.

O livro traz o prefácio escrito pelo teólogo jesuíta, Karl Rahner. Em seu prefácio Rahner comenta que conheceu pessoalmente Pier Giorgio Frassati quando ele foi hospedado na casa de sua família. “Conheci pessoalmente Frassati e que, apesar de passados cinqüenta anos, sua lembrança  é viva para mim”, comenta Rahner.

O próprio Rahner nos relata a impressão que o jovem lhe causou:

“Frassati representa o jovem cristão puro, alegre, dedicado a oração, aberto a todo o livre e belo, preocupado com os problemas sociais, que leva em seu coração a Igreja e seu destino, e todo ele é uma sinceridade serena e viril.”

Pier Giorgio nasceu ao som dos sinos que anunciava a festa da Ressurreição, no dia 06 de abril de 1901, às 18:30, na cidade de Turim, Itália. Seu pai se chamava Alfredo, dono do jornal La Stampa e sua mãe Adelaida Ametis.

Como sua irmã nos relata e confirmar o que sabíamos, ele era muito apegado a sua mãe, Adelaide, de quem aprendeu a piedade cristã. Assim sua irmã nos diz como ele era quando criança:

“Pier Giorgio crescia sério, justo, muito bonito; não se dava conta dos paravam na rua para lhe olhar, dos que admiravam seus enormes olhos negros, com o branco quase azul, abertos em uma cara que refletia a viva imagem de saúde.” (p. 33)

E nos diz de sua adolescência:

“Moreno, algo mais alto que média, era de homens ombros e braços forte. O cabelo rebelde marcava seu rosto harmônico com uma ponta central baixa. Umas sobrancelhas  grossas e perfeitamente marcadas se uniam ao olhos negros e muito grandes, cheia de expressão, com seus cilhos grandes e enrolados, que acentuava a profundidade de seus olhos, nariz aquilino, boca normal, mas se destacava sobre a pele morena do seu rosto; dentes branquíssimos. Orelhas pequenas, bem dispostas.

Sua postura, sua posição social, sua saúde excelente, que para os outros poderia ter sido peça de tropeço, foi para Pier Giorgio, porque assim desejou, escadas para subir. E sempre vencia sem uma queixa ou lágrima.”

Pier Giorgio admirava as cartas de São Paulo. “A mente, embreada de tanta ciência árida, encontra de vez em quando prazer, refúgio (refrigério) e gozo espiritual na leitura de São Paulo.” (p. 165) O Evangelho preferido de Pier Giorgio era São Matheus. Gostava de forma particular do sermão da montanha. Conhecia, também, a Rerum Novarum e De contemptu mundi, do papa Inocêncio III.

O conhecimento das encíclicas papais, sobretudo as encíclicas sociais, irá desperta no jovem Frassati o interesse pelo social e a política, “tinha desejo de gritar, de inscrever na política, de fazer ouvir sua voz a favor de uns ou de outros.”

Demonstrava desde de pequeno preocupação pelos problemas sociais. Sua caridade e desapego aos bem materiais lhe inspirava a prestar ajuda a todos. Sua visão política era muito clara,  sua posição contra ao liberais lhe fez entrar em conflito com seu pai. Ingressou na Federação de Estudantes Católicos, Ação Católica, Partido Popular Italiano, Federação de Estudantes Católicos à Organização Católica de Trabalhadores. Tinha consciência que  somente quando os católicos trabalharem de forma organizada é haverá de fato uma mudança das estruturas sociais, pois estas mudanças estarão inspiradas pela caridade cristã, que somente Cristo pode oferecer. 

“Há no mundo tanta gente perversa  e desgraçadamente muitos que de cristão só tem o nome, mas não o espírito; por isso creio que teremos que esperar bastante ainda a que chegue a verdadeira paz. Mas nossa fé nos ensina que temos que conservar sempre a esperança de desfrutá-la algum dia. A sociedade moderna se funde em dor das paixões humanas e se afasta de todo ideal de amor e de paz.”

Em uma conferência para a Sociedade São Vicente sobre a caridade, Pier Giorgio exorta aos jovens: 

“Cada um de vós sabe que a base fundamental de nossa religião é a Caridade, sem a qual nossa religião fracassaria, porque não seremos verdadeiramente católicos enquanto não cumpramos, ou seja, enquanto não adequamos toda nossa vida aos mandamentos são a essência da Fé católica: Amar a Deus com todas as nossas forças e ao próximo como a nós mesmo. Aí está a demonstração explícita de que a Fé católica se baseia no Amor, e não, como tantos queriam, para poder tranqüilizar sua consciência, basear a Religião de Cristo na violência.

Com a violência se semeia o ódio e logo se recolhe os frutos nefastos dessa colheita; com a caridade se colhe a Paz entre os homens, mas não a paz do mundo, mas sim, a verdadeira Paz que só a Fé em Jesus Cristo nos pode dar, irradiando uns aos outros.

Eu sei que esse caminho é árido e difícil e cheio de espinhos, enquanto que o outro, à primeira vista, poderia parecer mais fácil e mais satisfatório; mas se pudéssemos mergulhar dentro daqueles que, desgraçadamente, seguem os caminhos perversos do mundo, veríamos que nunca há neles a serenidade que procede de quem tem enfrentado milhares de dificuldades e renunciado a um prazer material para seguir os caminhos de Deus.”

Pier Giorgio morreu de poliomelite grave, sua irmã nos relata como foi seu últimos dias. Esta parte do livro é maravilhoso, percebemos detalhes emocionantes de sua vida. Pier Giorgio definhava em sua cama. Todos da casa estavam preocupados em atender sua avô doente: “ninguém se preocupou com ele. Inclusive eu, ainda que algo intuía vagamente,  não fui muito atenciosa. “Pier Giorgio vomita e tem febre”, insistia a minha mãe que sempre havia dito que os dois sintomas juntos é motivo de alarme, mas mamãe, muito afetada pela doença de minha avô e pela iminente separação matrimonial, não me fez caso.”

Pier Giorgio recebeu a santa confessou e recebeu a santa Comunhão, recebeu a unção dos enfermos às quatro horas da madrugada. Morreu no dia 04 de julho de 1925, apenas três dias depois de sua avô. As ruas da cidade foram tomadas por pessoas que foram em seu velório lhe render suas últimas homenagens. Muitas dessas pessoas eram pobres e doentes aos quais Pier Giorgio atendeu ao longo de sua vida.

Pier Giorgio foi proclamado Beato no dia 20 de maio 1990, pelo servo de Deus João Paulo II que o chamou de o “Homem das oito Bem-aventuranças”. Observai estas fotografias. Veja aqui como parecia com o homem das oito Bem-Aventuranças, que leva consigo a graça do Evangelho, da Boa Nova.”

Em sua homilia de beatificação o servo João Paulo II assim se referiu ao jovem: “A fé e a caridade, verdadeiras forças motrizes da sua existência,  tornaram-no ativo e operoso no ambiente em que viveu, na família e na  escola, na universidade e na sociedade; transformaram-no em alegre  entusiasta apóstolo de Cristo, em apaixonado seguidor da sua mensagem e  da sua caridade.”

Pier Giorgio é um extraordinário testemunho para os jovens. É referencia segura para aqueles que querem viver uma vida intensa de amor a Cristo e aos próximos. Seu exemplo deve ficar em nossa mente para que nossos atos possam se nos espelhar dele, que são reflexo evidentes de sua intimidade com Cristo! Tomemos o exemplo dele e faça dê a sua vida um sentido novo. Um sentido feliz que somente o encontro pessoal com Cristo pode nos proporcionar.

 

BIOGRAFIA:

FRASSATI, Luciana. Pier Giorgio Frassati: los días de su vida.  Madrid: BAC Popula, 1996.

 * Nosso colaborador,grande entusiasta de Pier Giorgio Frassati

Pier Giorgio Frassati,um leigo dominicano.

Oratório casa de Eduardo

Domingos Zamagna *

Transcorre em Roma o processo de canonização de um jovem universitário italiano que ainda precisa ser “descoberto” pelos brasileiros: Pier Giorgio Frassati. Na homilia da sua beatificação o Papa João Paulo II disse: “Procurai conhecê-lo!” E, de fato, ele pode ser um irradiante exemplo para a juventude da nossa época.

Pier (Turim, 6/4/1901 – 4/7/1925) foi um modelo de membro moderno do laicato católico. Seria interessante que o prezado leitor, após conhecer a vida desse novo amigo, fosse ler o precioso documento do Papa sobre o laicato, a exortação apostólica pós-sinodal “Christifideles laici” (Sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, de 30/12/1988). Filho do mais jovem senador do Reino da Itália, Alfredo Frassati, embaixador da Itália em Berlim, fundador do prestigioso jornal “La Stampa”, que existe até hoje, Piero cresceu como uma criança privilegiada, tendo herdado mais as qualidades que os defeitos de sua família.

Desde a infância foi surpreendente… Com a idade de 4 anos, quando todas as crianças (conforme antiga tradição de piedade) jogavam pétalas de rosas na imagem da Virgem Maria numa procissão, ele se apodera de uma joia da prima mais velha (uma flor de ouro)… e joga-a na direção do andor… Aos 5 anos, ao ver uma criança sem calçados pedindo esmola na porta de sua casa, tira os seus próprios sapatos e os doa à criança, fechando a porta depressa para ninguém tomar conhecimento do seu gesto.

“Coisas de santo” – alguém poderá dizer –. Seus biógrafos não escondem, contudo, que ele era brigão, quando adolescente, distribuindo sopapos e ponta-pés. Não obstante, ele soube se controlar, dedicando-se intensamente aos esportes (montanhismo e esqui), tornando-se um atleta. Guardou, entretanto, sua ira para os momentos certos, como quando expulsou, aos murros, os fascistas que invadiam uma casa de família pobre em Turim. Várias vezes apanhou – ou bateu – da polícia fascista.

Pelo conhecimento que temos da hagiografia, sabemos que nem todos os santos se lançaram aos estudos como ele, tendo sido aplicado estudante de Engenharia de Minas e Ciências Políticas. Quis ser engenheiro de minas para poder trabalhar com os mineradores, que ele identificou como os “párias da sociedade” de sua época.

Aos 18 anos, rompendo com as tradições burguesas da sua família, passou a dedicar-se aos pobres, integrando-se nas Conferências de São Vicente de Paulo, cuja experiência assim resumiu: “Em torno do doente, do miserável, do infeliz, eu vejo uma luz que não conheço em qualquer outra parte”.

Ainda aos 18 anos, quando entrou para a universidade, tomou contato com a Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Estudou o seu carisma e pediu para dela participar como leigo. Decidiu ser leigo para poder estar mais eficazmente junto aos trabalhadores, já que a vida religiosa do início do século XX não lhe facultava esta alternativa. No dia 28 de maio de 1922 Pier recebeu o hábito branco e a capa preta de São Domingos de Gusmão, no Convento de Turim, fazendo profissão religiosa um ano depois. Pediu e recebeu o nome de Frei Jerônimo, em lembrança e imitação do grande Frei Jerônimo Savonarola, cujas obras ele estudou, bem como as de Santa Catarina de Sena e de Santo Tomás de Aquino. Segundo a tradição da espiritualidade dominicana, dedicava especial atenção à reflexão bíblica, à piedade mariana e à recitação do rosário. O Pe. Francesco Robotti, Prior do Convento Dominicano de Turim, assim se expressou sobre o jovem noviço: “Ele me pediu para receber o nome de Frei Jerônimo, porque via no ardente Savonarola um modelo de austera pureza, de busca cristã da democracia e de profundo apostolado religioso e social. Vivendo no mundo, ele queria imitar essas qualidades, especialmente participando das associações católicas da juventude, que, se bem que sob outras formas, certamente seriam apreciadas pelo grande reformador florentino.”

Embora tão jovem, manifestou interesse incomum pelos problemas da paz na Europa; foi atento observador político, e ao mesmo tempo dedicava espaço sempre maior à oração, a ponto de fundar uma associação de ajuda mútua pela oração.

Pier Giorgio Frassati respeitava cada opinião sem jamais impor a sua. Seus colegas universitários o descrevem como justo, reservado, delicado, sabendo em todas as circunstâncias ser um excelente amigo, sereno e objetivo em seus julgamentos, com imensa indulgência para com os outros e grande rigor para consigo mesmo.

Atingido pela doença, nem por isso diminuiu seus esforços em favor dos pobres, especialmente entre os mais miseráveis de Turim. Fragilizado, muito magro, seu corpo não resistiu a uma poliomielite fulminante que o levou à paralisia e à morte em uma semana.

A imensa presença dos pobres em seu funeral constituiu para todos um evidente reconhecimento de sua santidade. Com efeito, no dia 20 de maio de 1990 Pier-Frei Jerônimo foi beatificado pelo Papa João Paulo II.

A herança espiritual da luminosa presença desse jovem universitário pode ser apreciada por esta sua frase, que o coloca ao lado dos grandes místicos do Cristianismo:

“Jesus, tornai-me semelhante ao cristal,

para que vossa luz brilhe através de mim !”

* Domingos Zamagna é jornalista e professor da Escola Dominicana de Teologia-SP

Pier Giorgio Frassati, uma vida que não se apaga.

Alejandro Carvajal*

Pier Giorgio Frassati,(06 de abril de 1901-04 de julho de 1925),estudante.

Nasceu em Torino.Filho do fundador e diretor do jornal italiano La Stampa,foi um jovem absolutmanete normal;gostava de esportes e excursões,e aproveitava o tempo livre para visitar os pobres e doentes

Estudou Engenharia de Minas,e era um líder nato entre seus companheiros.Fácil de palavra e com grande capacidade de convencer,organizou a Federação do Universitários Católicos.Morreu aos vinte e quatro anos de poliomielite.

Foi beatificado por João PauloII em maio de 1990.

Pier Giorgio Frassati hoje nos diz:

“Em torno do doente, do miserável, em torno do desfavorecido, eu posso ver uma luz particular, uma luz que não temos em nós”

“Io posso vedere una luce particolare intorno all’ammalato, al miserabile, intorno al sventurato, si tratta di una luce che non è dentro di noi”.

“I can see a particular light around the sick, around the miserable and around the wretch. It is a light that is not within us”.

“Puedo ver una luz particular en torno al enfermo y al miserable, en torno al desventurado. Es una luz que no está dentro de nosotros”.

“Je vois une lumière particulière autour des malades e des misérables, autour des desfavorisés. C’est une lumière qui n’est pas en nous”.

*Advogado – San Jose – Costa Rica

 

Pier Giorgio Frassati -Uma vida INTEGRAL

pier giorgio frassati

 

Nélio Rodrigues*

Prestemos atenção ao seguinte relato: “Entre os amigos, quantas vezes não aconteceu que, para dissipar com um clarão de alegria a atmosfera pesada de uma palestra, e para fazer rir um colega visivelmente preocupado, puxasse de propósito uma cadeira, suspirasse ou desse uma engraçada modulação à voz para fazer rir e aliviar um pouco os espíritos (…). Gostava das algazarras e aventuras (…). Convidado para cear no seminário, chegou a ter a idéia extravagante de descer ao refeitório e encher de água as xícaras dos seminaristas, virando-as sobre os pires” (P. Marmoiton S. J.). Um olhar superficial sobre esta descrição talvez não revele muito sobre o personagem, ou abra bastante espaço para julgamentos prévios. Talvez um baderneiro, um adolescente que queria a atenção dos seus amigos, etc. Poderia até ser, caso não estivéssemos falando de alguém que está prestes a ser venerado como santo pela Igreja Católica: o bem-aventurado Pier Giorgio Frassati.

Podemos perceber, na figura de Frassati, que os santos estão cada vez mais próximos de nós, da nossa realidade cotidiana. Deus, em sua infinita misericórdia e inclinação às necessidades do homem, suscita, em diferentes épocas e situações, homens e mulheres que respondem de forma coerente e firme ao Seu chamado. São pessoas que, pelo seu “sim”, servem como exemplo para toda uma geração que enfrenta problemas e vivências semelhantes. E é neste ponto que surge o fascínio por um jovem que soube viver e conjugar valores que aos olhos do mundo são antagônicos, mas aos olhos de um cristão católico maduro não só são conciliáveis como fazem parte de uma mesma realidade.

Passaria horas falando sobre cada uma das virtudes de Frassati, mas me atenho a um aspecto que considero como central, que merece ser enfatizado: a sua maturidade, a capacidade de viver uma vida INTEGRAL. Nem se quiséssemos nós conseguiríamos fragmentar sua pessoa em áreas distintas, pois sua maturidade espiritual unia todas elas: religiosidade, sexualidade, afetividade, vida familiar, estudos, amigos, etc. Não escondia seus valores por respeito humano, nem media esforços para temperar com fé toda sua vida. Tudo era vivido de forma única, sem se esconder atrás de um personagem em cada situação; Frassati era um só, onde quer que estivesse! Isto é digno de pessoas maduras, figuras cada vez mais raras…

Sobre maturidade espiritual, Dom Rafael Cifuentes parece se referir ao nosso amigo quando diz que, “assim como a semente tende a desenvolver todas as potencialidades que estão no seu código genético, da mesma maneira a vida da graça, recebida no Batismo, tende à sua plena maturidade. Essa maturidade pode ser chamada de santidade. Santidade e maturidade, neste sentido, são sinônimos. A santidade não é algo extraordinário, mas a conseqüência ordinária do amadurecimento da alma que corresponde à graça do Espírito Santo” (A Maturidade, Editora Quadrante)

Procuremos corresponder à graça do Espírito Santo. Só assim nossa vida será impulsionada à maturidade plena, encontrada somente naqueles que buscam a santidade. E, após este breve escrito, o convite: conheça e torne-se amigo de Pier Giorgio Frassati*. Com certeza ele nos espera para nos levar “Para o Alto”!

 

 

* “…para a vida espiritual é importante ter ao menos um amigo entre os santos, que invocamos e por meio do qual crescemos nessa consciência (da plenitude das relações dos que participam de Cristo). Os santos não são, portanto, simples modelos a serem imitados, coisa que facilmente cairia no moralismo e na despersonalização psicológica. Eles são, sobretudo, uma inspiração espiritual que chega até nós por meio de relações reais, por meio da Igreja, da liturgia… Nesse tecido eclesial, nessa amizade espiritual, podemos dar espaço e corpo à inspiração inicial, enquanto os santos intercedem por nós e de fato nos ajudam”. (Pe. Marco Ivan Rupnik, O Discernimento)

*Jovem advogado,empenhado em diversos grupos de evangelização,grande amigo e devoto de Pier Giorgio

Pier Giorgio Frassati-Uma vida que não se apaga.

Pollone-Quarto de Pier Giorgio

Clementina Luotto, dois dias depois da morte de Pier Giorgio, escreve ao amigo que tinham em comum, Marco Beltramo:

“Marco, é a primeira noite que Pier Giorgio está fora de casa… Ao menos a sua pessoa santa, que ontem eu tive a graça de contemplar em uma luz de beleza e de pureza indivisíveis. Não tenho com quem chorar, e penso em você que em tudo estava mais perto dele do que eu. Diante daquele leito – que me pareceu um altar – eu senti pela primeira vez – com uma emoção que nunca poderei exprimir – que a morte vem do Alto e que para Pier Giorgio foi uma assunção.

Quem poderá apagar da nossa lembrança o seu sorriso, e quem o poderá restituir?

Oh! Juventude maravilhosa que nascia dele e entorno dele e nos desarmava rapidamente, nos deixava tão alegres, tão dispostos a nos elevar, tão livres de qualquer apego mortal… Tão próximo de Deus, que ele parecia ter dentro de si! Quem nos dará outra vez esta alegria purificadora? Quem renovará, não somente sobre nossos olhos, mas em nós, o milagre da santidade alegre, despreocupada e delirante como as fontes alpinas, frescas e restauradoras?

Mas aquela tarde, Marco, a última tarde que nós ficamos juntos, ele já não estava bem. Naquele inverno, na sua roupa de montanha nova, parecia fundido no bronze. Pareceu-me que ele estava abatido, magro, cansado: eu pensei que eram os exames. No verão, porém, ele começava a se destacar de nós: “É pálido Frassati”. [E ele respondia] “Eu preciso de montanha!” Sim, ele precisava sair, para o Alto! E não conosco!

Resplandece a Lua que nós esperávamos ter por companhia durante nossa ascensão; e ele não está mais conosco.

E ele dá força aos seus pobres parentes para viver: dará a nós o amor ativo que devem possuir aqueles a quem concedeu o presente incomparável da sua amizade.

Iremos encontrá-lo juntos?

Eu recordo e choro sozinha, […] e não posso falar a ninguém da minha dor, porque me parece que iria profaná-lo. Somente Laura, Tina, você e Severi sabem o que éramos nós seis e qual era o gênero da nossa comunhão de espírito e de alegria que ele havia criado. Mas ele nos puxava e nós o seguíamos: será que nós saberemos caminhar, agora que estamos sozinhos à prova? Tentaremos, não é verdade? E nos ajudaremos. Por que, antes, Pier Giorgio me ajudará!

Perdoe-me querido Marco, e veja se tenho razão por chamá-lo de irmão. Este fulgor, que envolveu nossas almas tão profundamente, nos dá consciência clara dos nossos sentimentos e dos nossos deveres. Agarrem-nos à cruz e queiramos bem à sua memória, como se mais do que nunca ele estivesse junto a nós. Talvez veremos resplandecer o seu sorriso. Ó bondade, tu és luminosa e mais quente que o Sol, tu és eterna!”

* Está carta escrita no dia 06 de julho de 1925 da nos uma ideia do significado da presença de Pier Giorgio.

Do livro de Luciana Frassati – La Picozza di Pier Giorgio -SEI- 1996