* Maria de Lorenzo
A vida de Pier Giorgio Frassati poderia parecer incompleta,pelo menos aos olhos do mundo:estudos truncados pouco antes do suspirado diploma de licenciatura, projetos profissionais abortados,realizações afetivas “não concretizadas”…E,no entanto,Pier Giorgio,em maio de 1990,foi reconhecido pela Igreja como bem Aventurado.A sua vida-tão breve como um relâmpago –que,em muitos aspectos,nos parece irrealizada,foi perfeitamente realizada em Cristo.
Em vinte e quatro anos apenas,Pier Giorgio atingiu a meta da santidade.E perguntamos:
Como é possível,se a muitos,para lá chegar,não é suficiente uma vida inteira?Será que a santidade pertence aos jovens?
“Por vezes,quando se olha para os jovens com os problemas e as fragilidades que os marcam na sociedade contemporânea,há uma tendência para o pessimismo”,escreveu com franqueza João Paulo II,na Carta Apostólica Novo millenio inneunte,para confessar imediatamente depois:” O Jubileu dos Jovens faz-nos sentir como que “deslocados”,entregando-nos a mensagem de uma juventude que exprime um anseio profundo,apesar das possíveis ambigüidades,pelos valores autênticos que tem em Cristo a sua plenitude.Porventura Cristo não é o segredo da verdadeira liberdade e da alegria profunda do coração?
Pier Giorgio tinha compreendido isto e,antes dele,na fila dos santos jovens que a Igreja enumera,já o tinha entendido Santa Teresa do Menino Jesus.Sem fazer nada particularmente extraordinário ,sem fazer gestos excepcionais.Tanto Santa Teresa como Pier Giorgio nem sequer fundaram congregações nem realizaram empreendimentos espalhafatosos.Nem mesmo foram para terras de missão como o risco da própria vida.
Teresinha ,que caminhava no seu claustro para que um missionário tivesse força para caminhar na savana, nunca saiu do Carmelo de Lisieux:não obstante,foi proclamada “Padroeira das Missões”.Antes dela,pensava-se que a santidade consistia em fazer coisas excepcionais e que não podia realizar na normalidade de uma existência vivida brevemente e ou no se fechar em um claustro.
Com Pier Giorgio- e de maneira ainda mais marcada-,a santidade entrou no quotidiano de uma existência laical que soube dizer o seu sim a Cristo e teve simplesmente a coragem de apostar em Deus, de,como dizia Pascal,”embarcar” na aventura da fé.
Os dois são exemplos mais brilhante de uma juventude que não leva as coisas de animo leve, com a desculpa da idade,pensando- segundo um modo de raciocinar atualmente muito difundido –que terão todo o tempo “depois”para se empenhar e se ocupar das coisas “sérias”da vida.
Estes santos são pessoas realizadas porque confiaram em Deus e, permanecendo no seu amor,souberam percorrer caminhos novos no grande sulcos da caridade,aberto e desenhado pela caminhada bimilenária da Igreja.
Por conseguintes,a santidade não é um opcional,mas a vocação de todos os batizados.”É Jesus que procurais quando sonhais com a felicidade – disse João Paulo II aos jovens em Tor Vegata; é Ele que vos espera,quando nada do que encontrais vos satisfaz;é Ele a beleza que tanto vos atrai;é Ele que vos provoca com aquela sede de radicalidade que impede que vos acomodeis…É Ele,Cristo!”
*Jornalista e escritora.
** Fragmentos do livro: Pier Giorgio Frassati –
L`amore non dice mai”basta”.
2002-Figlie di San Paolo – Milano- It