As Bem-Aventuranças nas cartas de Pier Giorgio
Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
“Eu deixei meu coração nas montanhas com a esperança de reencontrá-lo nesse verão, escalando o Monte Branco. Cada dia me enamoro mais e mais pelas montanhas… E se meus estudos me permitissem, eu passaria dias inteiros sobre os montes para contemplar naquele ar puro, a Grandeza do Senhor”.
(à M. Beltramo, 6.VIII.1923)
“A fé que recebi no Batismo me sugere com voz segura: por você mesmo não faria nada, porém, se você tiver Deus como centro de todas as tuas ações, então sim, chegarás até o fim”.
(à I. Bonini, 15.I.1925)
Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra.
“Eu os exorto, ó jovens, com todas as forças da minha alma para que se aproximem o máximo possível da mesa Eucarística, alimentem-se deste Pão dos Anjos e encontrarão a força para combater as lutas internas, contra as paixões e contra toda adversidade”.
(do discurso à juventude Católica de Pollone, 1923)
Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
“Você me pergunta se estou alegre. E como poderia não estar? Enquanto a fé me der forças, eu estarei sempre alegre! O católico tem que ser alegre: a tristeza deve ser erradicada da alma do católico! A dor é diferente da tristeza, que é a mais detestável de todas as doenças. Esta doença é quase sempre produto do ateísmo; porém, a finalidade para a qual nós fomos criados nos mostra o caminho que, mesmo com muitos espinhos, não é de nenhum modo triste. É um caminho alegre, mesmo através da dor”.
(à sua irmã Luciana, 14.II.1925)
Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
“Nós também perdemos o melhor e mais belo dom que Deus deu a todos os homens: liberdade, sem a qual a vida se torna muito difícil”.
“Que grande dádiva é ter saúde como a temos! Por isso nossa saúde deve ser colocada ao serviço daqueles que não a tem. De outra maneira estaríamos traindo esse dom de Deus e Sua benevolência”.
Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
“Jesus me visita a cada manhã na Comunhão e eu lhe respondo da pobre maneira que posso fazê-lo: visitando os pobres”
“Ao redor dos pobres e dos enfermos eu vejo uma luz particular que nós não temos”.
Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.
“A verdadeira felicidade, ó jovens, não consiste nos prazeres do mundo e nas coisas terrenas, mas na paz de consciência que só se tem se somos puros de coração e de mente”.
(do discurso à Juventude Católica de Pollone, 1923)
“Eu te peço pra rezar um pouco por mim, para que Deus me dê uma vontade férrea, para que eu não desfaleça frente aos seus projetos”.
(à Severi, 13.IV.1925)
“O porvir está nas mãos de Deus e de nenhuma outra maneira poderia ser melhor”.
(à Marco Beltramo, 3.II.1925)
Bem aventurados os que agem em prol da paz, porque eles serão chamados de filhos de Deus”
“Creio que é o único desejo que um verdadeiro amigo pode fazer a um amigo querido é: a paz do Senhor esteja sempre contigo! Pois se você possui a paz todos os dias, você será verdadeiramente rico”.
(M. Beltramo, 10.IV.1925)
“Sintamos em nós a íntegra força do nosso amor cristão que nos torna irmãos para além dos confins de todas as nações”.
(aos estudantes de Bonn, 1923)
Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
“Pobres desgraçados os que não tem fé! Viver sem uma fé, sem um patrimônio para defender, sem sustentar uma luta contínua pela verdade não é viver, mas fingir que se vive”.
(à I. Bonini, 27.II.1925)
“O dia de minha morte será o mais belo da minha vida”.
Pier Giorgio Frassati pode ser considerado como patrono, o guia espiritual da juventude universitária.
João Paulo II – Cracóvia, 27 de março de 1977
Vocês, jovens, tem modelos para inspirá-los. Penso, por exemplo, em Pier Giorgio Frassati, que foi um jovem moderno, aberto aos valores do esporte – era um valente alpinista e um arrojado esquiador -, mas que soube dar, ao mesmo tempo, um valente testemunho de generosidade de Fé cristã no exercício da caridade. Ele caminha com vocês, muito vivo, com seu sorriso e sua bondade… Depois da primeira guerra mundial , ele escrevia assim: “Com a caridade se semeia a paz nos homens. Porém, não a paz do mundo, mas a verdadeira paz que só a Fé em Cristo nos pode dar, tornando-nos irmãos”.
Deixo a vocês a palavras de Pier Giorgio com um programa, juntamente com sua amizade espiritual a fim de que, em todo lugar da terra, vocês também sejam portadores da verdadeira paz de Cristo.
(João Paulo II – 12 de abril de 1984 – Jubileu internacional dos esportistas, Estádio Olímpico de Roma)
O que mais me surpreendia nele era sua pureza, sua alegria radiante, sua piedade, sua liberdade de filho de Deus por tudo aquilo que existe de belo no mundo, seu sentido social, a consciência que tinha de compartilhar a vida e o destino da Igreja. Porém, o que mais me assombra é que tudo isso aparecia nele de uma maneira natural e espontânea, cheio de calor humano e virilidade. […] Sua fé se nutria da mesma substância do cristianismo: Deus existe, a oração é o fermento da existência, os sacramentos são o alimento da vida eterna, a fraternidade universal é a lei das relações humanas.
Aqui aparece o caráter misterioso da Graça Divina, rebelde segundo o reto raciocínio: em um ambiente onde se considera o cristianismo “superado” surge um cristão que respira a alegria de viver, que não tem nada de sectário, um cristão que vive seu cristianismo com uma espontaneidade que quase dá medo: poderia se dizer que Pier Giorgio não teve seus problemas. De fato, ele os suprimiu com a graça de sua fé, quem sabe a que preço e com quais sofrimentos. Enfim, um homem dado à oração, um homem que come todos os dias o pão da morte e da vida, um homem que se consume por amor aos seus irmãos.
Karl Rahner, S.J.
Do prefácio do livro de Luciana Frassati:
Píer Giorgio Frassati, edições BAC, Madrid
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