Pier Giorgio Frassati – “ Verso l`alto”

Maria Elisa de Oliveira  *

Conheci   Pier Giorgio Frassati, jovem italiano de Turim, filho de embaixador, morto em 1925 com apenas 24 anos de idade e, proclamado beato pelo papa João Paulo II em 1990 , por meio de um outro jovem  –  Eduardo Henrique da Silva, esse último, bem brasileiro , paulistano de nascimento.

Nossa amizade, que permanece até hoje, começou num curso de Teologia, em 1994 pouco depois da beatificação de Pier Giorgio. Na ocasião, Eduardo já revelava uma grande devoção e admiração pela vida de santidade deste jovem italiano cuja marca sempre fora o esquecimento de si mesmo, em benefício dos mais pobres  .

Contudo, sua devoção ia mais longe e já naquela época, Eduardo procurava por todos os meios, divulgar o nome de Píer Giorgio entre nós. Esse esmero incansável na divulgação da vida de santidade do jovem italiano não se limitava e ainda não se limita apenas ao Brasil  mas, vai em busca de outras fronteiras.

Aos poucos, a partir das leituras de livros , comentários e biografias sobre a vida de Pier Giorgio Frassati, cedidos por Eduardo, fui conhecendo os ideais que moviam o coração deste jovem beato e seu envolvimento responsável com a Igreja Católica, ao mesmo tempo que me comovia com sua devoção ao Santíssimo Sacramento e os grupos marianos.

O Curso  de Teologia, com a duração de dois anos permitiram, pela estreita e assídua convivência, que eu pudesse acompanhar um processo que ainda hoje se dá, de entrelaçamento e feitura de almas, na busca pela santidade, entre esses dois jovens, tão distantes no tempo, lugar e na condição social e, me agrada nomeá-los juntos  –  Píer Giorgio Frassati e Eduardo Henrique .

Nossas conversas diárias giravam quase sempre em torno da vida de doação de Píer Giorgio, que   aliás Eduardo conhece em detalhes, fruto de suas incansáveis pesquisas, a ponto de dar a impressão, por vezes, de que ele próprio o acompanhara em diversas ocasiões.

Todo esse amor e admiração pela vida do jovem beato ganhava mais cores quando, geralmente aos sábados, após as aulas íamos alegres ao encontro da irmã Luiza Angélica Mortari, de alma extraordinária e, que entrara no Mosteiro da Visitação, no bairro da Vila Mariana em  São Paulo, com apenas dezesseis anos, vindo a falecer em 2007 ,  em odor de santidade.

Soube mais tarde que Eduardo ganhara da referida irmã um exemplar do Jornal l `Osservatore Romano e nele, tomara conhecimento de uma foto estampada de Píer Giorgio no esplendor de sua juventude. Bastou esse imagem para que o interesse de Eduardo pela vida do jovem italiano se acendesse como uma chama ardente que se mantém alta e vigorosa,

A partir daí, a vida e a missão desse jovem brasileiro se concentrou em difundir a vida de heroísmo cristão de Píer Giorgio. Inúmeros mosteiros e conventos em solo brasileiro que  possuem em suas dependências imagens e resumos dos principais feitos desse jovem beato são o resultado do seu trabalho infatigável de divulgação.

Nomeio, em especial, o Mosteiro Cristo-Rei   das Dominicanas de São Roque em São Paulo que na pessoa da monja, Madre Carmem Dulce da Santíssima Trindade- Marcondes Machado-, amiga de Heitor Villa Lobos e professora de música da Faculdade Santa Marcelina, Eduardo sempre encontrou apoio e incentivo na divulgação da vida de Píer Giorgio Frassati.

Do rico tecido, por sua vez,da curta existência do jovem italiano, gostaria de ressaltar, ao menos, dois traços: o convívio e a amizade e sobretudo a sua contagiante alegria de viver (la gioia de vivere) de que dão testemunho todos que com ele tiveram o privilégio e sobretudo a graça de compartilhar de seus ideais e construção do Reino. Luciana Frassati sua irmã, soube como ninguém  revelar estes dois aspectos, em detalhes.  Numa obra de sua autoria e traduzida para o espanhol – Píer Giorgio Frassati: los dias de su vida, o leitor pode acompanhar as iniciativas de Píer Giorgio sempre afeito ao contato com os outros, aos grupos de jovens e sociedades, como meios para fazer o bem e praticar a caridade “sem que os participantes tivessem plena consciência disso” como comenta sua irmã. Amante do alpinismo, sempre que pode Píer Giorgio manifesta sua preferência pelas montanhas – lugar ideal para as reuniões com os amigos. O importante era encontrar oportunidade para estar juntos sob a inspiração de uma fé cristã. E, mais uma vez, é sua irmã que comenta, o jovem italiano encontrará na alegria e no sorriso, as armas perfeitas para reunir participantes tão distintos entre si. As excursões montanhesas se revelariam, ainda sob as anotações de Luciana, ocasiões preciosas para desenvolver o espírito fraternal e comunitário sempre com o cuidado de não permitir uma excessiva intimidade.

Com estas qualidades e outras que não caberiam em mil páginas, Pier Giorgio Frassati foi considerado por João Paulo II , patrono e guia espiritual da juventude acadêmica, dos jovens universitários de nosso tempo e fonte de inspiração dos jovens leigos.

* Professora aposentada da Unesp – campus de Marília/SP, Mestre em Filosofia pela PUC/SP e atualmente docente da Faculdade de Filosofia de São Bento/SP.

CARLO ACUTIS, seu amor a Jesus e sua vida evangélica

Carlo Acutis,Eucaristia seu caminho para o Céu.

Don MARIO GULLO (1)

Está escrito: “Deus  é amor e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele.” (1 João, 4, 16). Podemos ler essa parábola de amor no olhar do jovem CARLO ACUTIS, que cumpriu a sua peregrinação terrestre em apenas 15 anos.

O Concílio Vaticano II nos diz que a santidade é possibilidade e que todos somos chamados a ela (cf. Lumen Gentium, nn 39-42), e isso foi o que também aconteceu na breve existência desse filho de Deus. Uma santidade ordinária; não uma santidade no sentido banal, mas ligada às condições comuns, quotidianas da vida; não uma santidade heróica, mas uma santidade que soube atingir o ponto mais alto: o dom da vida.

Radicalidade é a base deste modelo de santidade, “pequena” pela idade, mas não para a estatura e espessura, onde todo o empenho de fazer uma leitura com naturalidade da vida a partir do mistério de Deus.

CARLO ACUTIS nasceu em Londres, aos 03 de maio de 1991, filho de Andrea e Antonia. De fato, desde pequeno o seu coração demonstrou alegria, determinação e humildade em sua caminhada rumo à “santa viagem”, vivendo na normalidade as suas atividades diárias, como a escola, os amigos, o amor pelo Criador e, sobretudo, a fé na extraordinariedade do Evangelho. Cresceu em uma família profundamente cristã; escolheu livremente dizer o “sim” com a própria vida, ao mistério que o envolvia; assim, a fé crescia com ele.

Após receber o sacramento da Primeira Comunhão, CARLO nunca faltou ao compromisso quotidiano com Cristo, presente na Eucaristia e adorado no sacrário; afirmava com entusiasmo a todos os jovens que Jesus era o seu “grande amor”.

Esta profunda intimidade com o sacrifício vivo do Corpo e Sangue de Cristo lhe fazia repetir frequentemente: “a Eucaristia é o meu caminho para o céu!”, compreendendo claramente que “o banquete eucarístico é para nós real antecipação do banquete final, pré anunciado pelos profetas (cf Is. 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como as ‘núpcias do Cordeiro’ (Ap. 19, 7-9) a celebrar-se na alegria da comunhão dos santos” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n° 31).

Da Eucaristia celebrada no passado àquela vivida no compromisso concreto, não somente em favor daqueles que estavam próximos, mas também dos últimos, de quem vivia na dificuldade, como os excluídos da sociedade, os pobres, os incapazes, e tudo feito de uma maneira espontânea, simples, e ao mesmo tempo nobre, no coração que desarma toda possível acusação de .

Pode-se dizer que no campo da informática não havia segredos para ele, talento verdadeiramente inato, porque, apesar da sua pouca idade, foi capaz de competir com especialistas do campo, para o espanto de todos; porém, a coisa mais bela, é que não tinha somente para si esta inclinação particular, pois ficava feliz ao utilizá-la como voluntário na ajuda ao próximo.

Um verdadeiro discípulo de Jesus, que, com a inteligência e o coração, soube revolucionar a sua vida e a vida de quem o rodeava, não perdendo jamais as ocasiões para falar de Cristo, amá-Lo, partilhar a Palavra e citar o Magistério da Igreja que conhecia, apesar da sua “pequenez”, para ganhar almas para Cristo: “embora sendo livre de todos, me fiz servo de todos para ganhar o maior número. Fiz-me fraco com os fracos para ganhar os fracos, me fiz tudo para todos, para salvar a qualquer custo cada um. Tudo eu faço pelo Evangelho, para tornar-me um participante com eles” (cf.1 Cor. 9, 19-23). “O teu dia, meu Deus, virá diante de Ti… e com meu sonho mais louco: ter o mundo entre meus braços” (J. Leclercq), e tudo isso também a custo de rejeição ou escárnio por causa da sua fé viva.

CARLO era impulsionado por um único e constante desejo, o de conquistar quanto mais almas possíveis, não recorrendo a recursos mesquinhos, mas, com o testemunho constante e quotidiano da sua fé, vivida sem ostentação, simplesmente com coerência e desarmamento.

Por isso que muitos daqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pediram o batismo na Igreja Católica. Havia nele a viva convicção que “todos nascem como originais, mas muitos morrem como cópias”.

Isso o levou a viver com originalidade os seus dias, não desperdiçando, nunca, a cada instante, os dons de Deus, porque a graça eleva a natureza, não a destrói; logo, tudo o que era natural em CARLO, era posto a serviço e por isso a graça o elevou: é tudo luz!

A clareza da fé em CARLO o levou a afirmar: “um balão, para subir bem alto, necessita despojar-se de tudo aquilo que pesa; pois assim faz a alma, para elevar-se ao céu, necessitando tirar pequenos pesos que são os pecados veniais. Se por acaso existe um pecado mortal, a alma cai sobre a terra e a confissão será como fogo,   o mesmo fogo que faz retornar ao céu o balão. É preciso confessar-se frequentemente porque a alma é muito complexa.

Faz-se necessário indicar outro aspecto fundamental do itinerário terreno e espiritual de CARLO ACUTIS: O seu amor pela Virgem Maria que ele mesmo definia como “a única mulher da minha vida”. Um amor genuíno, vivo, concreto na fidelidade quotidiana ao recitar o santo Rosário, definido por ele como o “compromisso mais cerimonioso da jornada”, na sua devoção aos primeiros sábados do mês.

A Ela consagrou várias vezes toda a sua vida, principalmentenas visitas que fez aos Santuários de Lourdes e de Fátima.

A história da “visão do inferno”, como descreveu irmã Lúcia de Fátima, o perturbou sobremaneira; por causa disso, CARLO decidiu trabalhar pela salvação das almas. Contribuiu também, para tal efeito, a leitura do “Tratado do Purgatório”,  de Santa Catarina Fieschi, de Gênova (1447-1510), onde são descritas as penas das almas do Purgatório, em sufrágio das quais oferecia orações, penitências e comunhões.

Para aqueles que não possuíssem o dom da fé e, através dela, a certeza da verdade que emana de Deus, CARLO se esforçava para que muitos pudessem levantar os olhos e ver a fé como um farol de luz que conduz à salvação.

Cada momento da sua vida, na família, na escola, nas relações com os outros, se tornava ocasião de testemunho natural da sua fé.

Preocupava-se muito com sua pureza e por isso confiava-se à Virgem Maria e às orações das monjas enclausuradas que frequenta.

Nos debates aos quais comparecia, CARLO era um defensor apaixonado da sacralidade da família contra o divórcio, bem como da vida contra o aborto e a eutanásia.

O testemunho evangélico de CARLO não é somente estímulo para os adolescentes de hoje, mas faz também com que pastores, sacerdotes e educadores se interroguem sobre a validade da formação que é oferecida aos jovens de nossas comunidades paroquiais, assim como torná-la mais incisiva e eficaz” (Don Michelangelo M. Tiribilli, OSB).

Aos jovens, CARLO se apresentava em sua totalidade: um adolescente do nosso tempo; testemunha que entregar-se a Cristo é viver uma vida “maior”, uma vida que não fecha as portas da liberdade e da alegria, porque “Ele não nos tira nada, mas doa tudo. Quem se doa à Ele, recebe o cêntuplo”(Bento XVI).

O perfil de CARLO era semelhante ao de Maria Magdalena. A sua juventude era “óleo perfumado de nardo puro, preciosíssimo”, que queria espalhar sobre os pés de Jesus (cf. Jo 12, 3); os seus dias, embora breves, foram como uma sequência até o calvário (cf. Jo 19, 25), sem descontos ou meias medidas.

No início de outubro de 2006, foi atingido por uma gravíssima leucemia, incurável. Também neste momento o amor vence o medo e, no hospital, disse: “ofereço todo o sofrimento, de que deverei padecer, ao Senhor, pelo Papa e pela Igreja, para não passar pelo purgatório e ir direto ao Paraíso”.

Recebe a Unção dos Enfermos e a “medicina” da Eucaristia, a sua “rodovia para o céu”. O médico pessoal fica maravilhado e edificado com seu modo de viver e suportar as dores atrozes: sorri a todos e mantém a sua gentileza, unida à uma grande paciência.

Quando o doutor que o acompanhava perguntou se sofria muito, CARLO respondeu com coragem: “existem pessoas que sofrem muito mais do que eu!”

O teólogo Karl Rahner afirma que: “para cada um, o tempo de vida que lhe é concedid, é o breve instante no qual se torna aquilo que deve ser”. Aqui se encontra todo o mistério deste jovem fiel, da Igreja Diocesana de Milão, que se reflete nos seus olhos carregados de sabedoria e de luz, quase antecipação dos eleitos na Jerusalém Celeste, Páscoa sem fim.

Às 6:45 horas de 12 de outubro de 2006, CARLO ACUTIS retorna à Casa do Pai “para sempre”, na ponta dos pés, sem rumor algum, como a lógica evangélica da semente, para cantar na eternidade o canto dos pequenos benditos de Deus e fazer de si o “hortus conclusus”[2], o Jardim do Éden onde o Senhor possa livremente “passear sobre a brisa do dia” (cf. Gen. 3, 8), o seu dia.

Don MARIO GULLO

Vicario Parrocchiale

parrocchia@gesulavoratoregiarre.it


[2] Artists working about 1400 popularized in a variety of ways the theme of the so-called hortus conclusus, or enclosed garden, in which the Virgin, surrounded by angels and saints, appears in a flower garden enclosed by a wall. Medieval hymns would often evoke the same celestial vision, but in painting it only appeared when the everyday milieu of people and the countless marvels of nature had been admitted to the sphere of devotional art. In these usually small, enchanting paintings the joys of earthly life are blended with a profound, manifold symbolic content. The orchard of the Master of the Upper Rhineland is the idyllic milieu of a cheerful aristocratic company, but, at the same time, it also conjures up the Paradise of Heaven. All its motifs are depicted in a virtually tactile way and yet they are symbols glorifying the Creation, Mary the Queen of Heaven and the Mother of the Saviour, as well as praising the various virtues. St Michael, who appears meditating in melancholy manner and looking at the spectator from the bottom right side of the picture, may exactly express the spiritual attitude in which a believer of the period approached the painting.

http://www.wga.hu/tours/gothic/devotion.html

Liturgia das Horas do beato Pier Giorgio Frassati

A Liturgia das Horas (também chamada Ofício Divino) é a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica.

A palavra ofício vem do latim “opus” que significa “obra”. É o momento de parar em meio a toda a agitação da vida e recordar que a Obra é de Deus.

No link abaixo a Liturgia em Honra do Beato Pier Giorgio Frassati que poderá ser rezada na sua memoria litúrgica, 4 de julho

 

Liturgia+das+Horas+-+PG+Frassati

Capela na Duomo de Torino onde se encontram as relíquias de Pier Giorgio

Carlo Acutis,um modelo para nossos jovens

Carlo Acutis,Eucaristia sua rodovia para o Céu.

Em 12  outubro de 2006, Carlo Acutis tinha 15 anos de idade e sua vida se apagou por uma agressiva leucemia. O adolescente,   oriundo de Milão, comoveu familiares e amigos ao oferecer todos os sofrimentos de sua enfermidade pela Igreja e pelo Papa.

“Eucaristia: Meu caminho para o céu. Biografia de Carlo Acutis” é o título do livro escrito por Nicola Gori, um dos articulistas de L’Osservatore Romano, e publicado pelas Paulinas na Itália. Carlo tinha uma verdadeira devoção a Eucaristia chegando a elaborar o site: www.miracolieucaristici.org

Carlo “era um adolescente de nosso tempo, como muitos outros. Esforçava-se na escola, entre os amigos, era um grande apaixonado por computadores. Ao mesmo tempo era um grande amigo de Jesus Cristo, participava da Eucaristia diariamente e se confiava à Virgem Maria, era devoto do beato Pier Giorgio Frassati – www.piergiorgio.com.br –  Depois de sua Primeira Comunhão, nunca faltou à celebração cotidiana da Santa Missa e da reza do Terço, seguidos de um momento de Adoração Eucarística”.

“Com esta intensa vida espiritual, Carlo viveu plena e generosamente seus quinze anos, deixando em quem o conheceu um profundo sinal. Era um adolescente especialista em computadores, lia textos de Engenharia de Informática e deixava a todos estupefatos, mas este dom o colocava a serviço do voluntariado e o utilizava para ajudar seus amigos”.

“Sua grande generosidade o fazia interessar-se por todos: os estrangeiros, os portadores de necessidades especiais, as crianças e os mendigos. Estar próximo a Carlo era esta perto de uma fonte de água fresca”.

Recorda-se claramente que “pouco antes de morrer Carlo ofereceu seus sofrimentos pelo Papa e pela Igreja. Certamente o heroísmo com a qual confrontou sua enfermidade e sua morte convenceram a muitos que verdadeiramente era alguém especial. Quando o doutor que o acompanhava perguntava se sofria muito, Carlo respondeu: ‘Há gente que sofre muito mais que eu!”.

“Fama de santidade”

Dra Francesca Consolini, postuladora para a causa dos Santos da Arquidiocese de Milão, acredita que no caso de Carlo há elementos que poderiam levar a abertura de um processo de beatificação, quando se fizerem cinco anos de sua morte, como o pede a Igreja.

“Sua fé, singular em uma pessoa tão jovem, madura e segura, levava-o a ser sempre sincero consigo mesmo e com os outros. Manifestou uma extraordinária atenção para o próximo: era sensível aos problemas e as situações de seus amigos, os companheiros, as pessoas que viviam perto a ele e quem o encontrava dia a dia”, explicou Consolini.

Carlo Acutis “tinha entendido o verdadeiro valor da vida como dom de Deus, como esforço, como resposta a dar ao Senhor Jesus dia a dia na simplicidade. Queria destacar que era um moço normal, alegre, sereno, sincero, que amava a vida, que gostava da amizade”.

Carlo “tinha compreendido o valor do encontro cotidiano com Jesus na Eucaristia, e era muito amado e procurado por seus companheiros e amigos por sua simpatia e vivacidade”.

“Depois de sua morte muitos sentiram a necessidade de escrever uma própria lembrança dele e outros comentaram que vão pedir sua intercessão em suas orações: isto fez com que sua figura seja vista com particular interesse” e em torno de sua lembrança está se desenvolvendo o que se chama “fama de santidade”. Em 2011 será o quinto aniversário de sua entrada no Paraíso é o momento em que a Igreja  de Milão estará abrindo o processo de beatificação.

Para Eduardo Henrique, Assistente Social da Faculdade Santa Marcelina, “Carlo Acutis é um  verdadeiro santo! Um modelo para todos nós. Um adolescente que nos deixou um valioso legado; o amor pela vida, a alegria de viver e a coragem de ser fiel a Deus em todos? os momentos”.

www.carloacutis.com/pages/accueil.html

Um homem do século vinte

Padre Ceslao Pera, o.p.

No velho registro do convento de São Domingos em Turim se lêem estas palavras no epitáfio de monsenhor Tommaso Giacomelli, dominicano pineroles, falecido bispo de Toulon em 1569:

« Sed felix patriae, mutatio, patria namque

cui pes montis erat, mons Deus est pátria

Essa visão do Piemonte místico me veio após ter lido a crônica da semana da paixão de Pier Giorgio Frassati onde, através do relato dos fatos, se escuta o esvoaçar o espírito que ultrapassa transfigurado a fronteira terrena e perdura radioso na memória da historia:

« É feliz transformação de pátria, porque

para quem pátria era o Piemonte, o monte Deus é pátria. »

Considere-se aquele repetido gesto de Pier Giorgio que pega a Vida de Santa Catarina e lê a quem o visita uma página onde está descrita, com a experiência da Paixão de Cristo, a elevação mística da santa às alturas da divina essência…

Para o espírito de Pier Giorgio, que meditou este fato carismático em suas horas de Getsemani, permaneceu um sinal indicador de seu itinerário, na linha de crescimento de cada alma cristã.

Isso é tão mais significativo quanto mais complexa é a simplicidade linear deste ingênuo da montanha e do espírito: a coerência segura dos turrões bieleses (N.T.: natural da cidade de Biela) se transfigura em fortes resistências psicológicas; o desumano cansaço dos elevados estudos universitários não encobre a fina ponta de seu espírito, forjada pela chama ardente de uma caridade operosa; as doces comodidades de uma vida civil, que na alta burguesia piemontesa lhe assegurava honras e favorecimentos, nem deprimem seu espírito com o ilusório compromisso, nem destroem seu ardor através do prazer fácil.

Outro ponto a se meditar: existe uma «estrada eminente” que o cristianismo abriu para os homens no tocante a ir para a eternidade gloriosa. Todas as outras estradas pelas quais podem os homens caminhar: arte e cultura, ciência e tecnologia, industria e comercio, se não querem se tornar um labirinto, mas um desenvolvimento ordenado de perfeição verdadeiramente digna do homem, deste fato radicalmente novo terão que receber um novo sentido de orientação que redobra, por assim dizer, o seu valor e, retificando-o, multiplica seus desenvolvimentos progressivos.

Pier Giorgio compreendeu muito bem esse significado divino da vida e com todo seu ardor juvenil entrou na «eminente estrada” da caridade, tornando-se o apóstolo que todos conhecem e o místico que, como já se falou anteriormente, é revelado pela leitura e pela meditação do êxtase cateriniano.

Nele se verifica a transfiguração à qual se refere o epitáfio de mons. Tommaso Giacomelli:

« para quem pátria era o Piemonte, o monte Deus é pátria ».

Não cabe a nós julgar qual grau de perfeição na caridade ele tenha atingido, mas não seria generoso e muito menos honesto quem pretendesse desprezar a excelência de sua vida cristã.

O julgamento da sanção final aguarda o legislador supremo que a si reservou tal incumbência.

O julgamento ético no que se refere à vida e à virtude exercitadas em grau heróico estão reservadas para a Igreja que como sociedade divina tem a competência necessária para indicar os heróis da virtude e da ação no que diz respeito à vida eterna.

O julgamento histórico pode ser dado por quem, estudados os fatos, os considera e avalia na trama da historia humana, onde também age o fermento cristão da nova vida, nascida de Jesus Cristo.

Ninguém, sob esse aspecto, pode ignorar os imensos benefícios que Jesus Cristo e a Igreja distribuiram e continuam a difundir na humanidade peregrina.

Agora a vida de Pier Giorgio preenche os primeiros vinte e cinco anos do nosso século (6 de abril de 1901 – 4 de julho de 1925) e todos sabem das lutas e ansiedades de tal período. Não se diz nada novo, afirmando-se que o processo de desmoronamento espiritual alcançou a ultima pedra do edifico cristão, correspondente ao ultimo parágrafo do Credo: « Eu creio… a vida eterna ».

Na confluência dos múltiplos endereços teóricos e práticos, que com mais ou menos enfase tendem a encontrar um sentido para a vida descoroada de seu valor supremo, privada de seu sentido divino, dessacralizada em seu conteúdo real, Pier Giorgio representa o homem do século vinte que aponta a solução certa: a caridade que nos faz amigos de Deus é a perfeição da vida humana. Através dela, a vida reencontra seu valor supremo, seu sentido divino, sua consagração.

Prevalecendo o sentido econômico da vida, sob o constante impulso das necessidades primordiais, teorizadas de forma a restringir sempre mais os horizontes do espírito e eliminar as paisagens abertas da eterna luz, Pier Giorgio se mostra como aquele que pensa e opera na liberdade e na soberania do espírito.

Por um lado, golpeando o jugo da riqueza, liberta-se da aparência falsa do compromisso burguês e imprime à sua vida um impulso generoso livre de qualquer egoísmo.

Por outro, servindo-se da riqueza não para satisfação de seus caprichos ou de suas exigências primordiais, mas para fazer o bem sempre, em qualquer lugar, a todos os necessitados, ele proclama em voz alta que a verdadeira felicidade está em outro lugar e que a verdadeira ascensão da comunidade, se não se quiser que seja um blefe, mas sim uma realidade operante, tem seu empurrão inicial não de baixo onde se agitam os instintos mas do alto onde brilha a luz.

Ele não traduziu em teoria a narração da pobreza e riqueza, mas apresentou uma norma na qual cada um pode ler o grande ensinamento que enquanto libera o espírito da escravidão da matéria e da prepotência, assegura às forças do espírito o triunfo sobre a ambição dos grandes e sobre a sedução do ouro.

Porque integralmente cristão, Pier Giorgio não teve medo das palavras de Jesus (Mt 19,24): «…é mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha que um rico entre no reino de Deus». Por isso viveu alegremente, fazendo o bem e praticando perfeitamente o ensinamento sagrado….

A quem nos acusa de desprezar as coisas da terra em detrimento ao Paraíso ou de anestesiar as pessoas com o narcótico da vida eterna, Pier Giorgio responde com a sua vida que elimina por si só cada amor desordenado pela riqueza e afirma com ênfase o bom uso da criação. Nisso se sente a influencia e se descobre a marca da sublime ascese inaciana que sobre esse principio fundamenta cada posterior perfeição ética, enquanto a chama de seu coração retira alimento vital do calor familiar de são João Bosco.

Através dessa atividade de forças convergentes à atuação da perfeição humana sob a luz de Jesus Cristo, Pier Giorgio mesmo sendo moderno, acaba por sentir-se à vontade com os medievais e, na vida moderna, traduz com eficácia a síntese harmoniosamente fecunda deles, onde desaparecem as distancias e as divergências e, no reflexo da luz eterna, o espírito cumpre seu itinerário místico.

Introdução ao volume de Luciana Frassati, Pier Giorgio Frassati. Recordações, testemunhos e estudos, «Mihi testes», Edições Studio Dominicano, Bolonha, 1985.

Anotações para um panorama

Luciana Frassati

Um personagem sem lampejos. O romantismo nos acostumou aos gestos absolutos, à retórica do heroísmo moral e espiritual. O cinza no entanto é a cor de hoje. E o cinza por fim torna-se esplendido, como o cansaço constante de um operário ou, no seu caso, a obra tenaz de sua caridade.
As suas cartas, imprevisíveis. Mais uma vez, para certos versos é inútil colocar na cabeça o absoluto do texto. A desesperada afirmação de católica felicidade: “ Não posso não ser feliz”. É difícil resistir a certas cartas.
E por fim, nos erros resulta um estilo, ainda mais que isso, um tipo de colóquio, uma voz. Sente-se um arrepio porque o contato é direto: pele com pele.
É mais difícil esconder a caridade do que fazê-la.
Os rostos estupefatos de quem não sabia nada e se encontrou diante de seu funeral. Talvez, por um instante, alguém pensou que toda aquela gente foi ali chamada por um sobrenome. E, no entanto, o foi por um nome.
E seu dinheiro? Todo o dinheiro que distribuiu para os pobres e amigos de Turim?
É, segundo o que penso, o grande mistério de sua vida. Como na multiplicação dos pães: centavos em liras. Dezenas e milhares.
Suportar a mediocridade. A pior mediocridade é a de quem não a admite ou não a percebe. Suportar aquela. Para mim, sua vida já está concluída.
Quem o fez fazer? Quem sabe quantos já fizeram essa pergunta. Eu mesmo. Parece uma veia aberta, uma festa. Todavia, eis aqui. Compreendido isso, estamos com um bom caminho andado.
Talvez o tenha feito por todos aqueles com quem conviveu: mãe, pai, irmã, amigos. Uma decisão lógica, talvez, mais sólida que uma vocação.
Como é difícil parecer um dos muitos e ser um dos poucos!
Foi um erro realçar seus gestos, deixando em silencio sua alma.
Não se pensou que a “mãe de Pier Giorgio” tinha naquela época muitas rivais. Entre as quais a “mãe de Mussolini”.
Uma profunda prova de confiança na vida: cantava, mesmo sendo assustadoramente desafinado.
É fácil esquecer um amor verdadeiro; difícil um falso, impossível um errado e solitário.
Compreendia e perdoava sempre. Deus nos ajude a fazer isso uma vez ou duas pelo menos em nossa vida.
Era tão pouco burguês que não se preocupava com a miséria, a sujeira, a crueldade e hipocrisia dos pobres.
O silencio diante do sofrimento e da morte, todos temos em mente, poucos na fala e nas ações. E isso me fez parecer vil a ponto de ressurgir (por aquele preciso instante que dura a ressurreição de um homem normal) diante da história de sua morte.
Estamos na mesma. Também com relação a ele os homens confundiram inocentemente humildade com pobreza de espírito, doçura com demência.
Foi uma agencia de colocação religiosa, com muitos clientes não religiosos.
Por que tantas agendas? Por que tantos números? Por que tantas listas de palavras iguais? Para quem eram as contas que fazia todos os dias?
Eis o diário que instrui os fatos de uma alma.
Foi feliz alguma vez? Esta pergunta angustia fatalmente, no decorrer de sua vida.
Todas as suas energias, todos seus modos de ser estavam tão voltados e dedicados aos outros, que eu penso a sua felicidade como sendo sua existência.
Uma felicidade exaustiva, que previa naturalmente a felicidade da não existência, a morte e Deus.
Apenas uma barreira para mim: a montanha. Eu não a compreendo, como não enxergo à noite. E então surgem também certas interpretações de ascensão, de subir na direção de Deus.
Na direção de Deus se sobe, sabia-o bem, também descendo na mina. Se todas as subidas fossem elevações!
Não tinha medo de nada, nem mesmo do medo.
Falem-me um pouco da morte, mas não assim. Calmos, tranqüilos, como se falassem de flores ou de coisas insignificantes, assim como ele fazia, sem esforço… Então, compreendido agora que é impossível?

Extraído de Luciana Frassati, Vida e imagens, Sigla Effe, Genova 1959.

Pier Giorgio, um modelo que os jovens do Brasil precisam conhecer

Denise Farina

Descobri Pier Giorgio quando visitava minha filha, estudante do Polito, em Torino. Numa manhã, fui sozinha à Basilica do Santo Sudário e me deparei com seu pequeno altar. Nada sabia dele e fui surpreendida por aquela imagem tão bela, tão jovem, tão ativa e tão distante das imagens de contemplação e sofrimento que costumamos ver atribuídas aos santos. Posteriormente, falando com moradores locais e pesquisando na Internet fui sabendo mais deste Beato quase desconhecido aqui no Brasil e penso ter retornado com Pier Giorgio já internalizado como um exemplo a ser sempre lembrado.
Tempos mais tarde, minha filha atravessou um período difícil em seus estudos. Daqui do Brasil, pouco podia fazer para ajudá-la além do parco consolo de algumas conversas pela Internet. Ela parecia já estar desistindo diante do que acreditava serem dificuldades intransponíveis e então pedi para que confiasse em Pier Giorgio que, assim como ela, foi atleta e estudante do Polito e cujos restos repousavam a poucas quadras de onde ela estava morando. Minha filha nunca confiou em preces, mas ainda assim nossas conversas geralmente terminavam com uma lembrança a Pier Giorgio e, daqui do Brasil, eu fazia o pouco que podia para ajudá-la e orava para ele.
Ontem minha filha nos ligou eufórica: não só foi aprovada como, para sua absoluta surpresa, recebeu uma das melhores notas do grupo. Passou a confiar em Pier Giorgio e deverá ir à Basílica agradecer pessoalmente a ajuda, creio que ainda hoje.
Escrevo esta mensagem hoje porque tenho uma segunda filha, que neste momento está em Santiago do Chile iniciando sua participação numa competição desportiva internacional. Embora já tenha pedido por ela nas preces de ontem, senti a necessidade de buscar Pier Giorgio na Internet antes de sair para o trabalho, uma forma de confirmar minha confiança nele, o Patrono dos Desportistas para o Papa João Paulo II.
Continuem divulgando a vida e o exemplo de Pier Giorgio, um modelo que os jovens do Brasil precisam conhecer.

* Leitora de nosso site.

Pier Giorgio Frassati – Repercussão após sua morte

Eduardo Henrique da Silva

A impressão que tiveram em Turim, no dia dos funerais, foi que esta morte era prenuncio de uma aurora.
Seis anos são passados e a aurora não deixou de brilhar num horizonte cada vez mais vasto.
Depois que os despojos mortais foram furtados aos olhares dos seus amigos, estes voltaram desolados á igreja da Crocetta para meditar aos pés do tabernaculo as lições daquela grande vida.O pequeno grupo inicial começou a aumentar e hoje (1931) já são milhares na Itália e no mundo inteiro os que, norteados por ele, se reúnem nas igrejas e na Santa Missa.
Realmente, este morto está mais vivo que nunca!
Seu nome, agora popular, está gravado no granito e no mármore e se distende nas dobras das bandeiras gloriosas dos Círculos Católicos e das Associações Juvenis.
No dia 04 de julho de 1926, aniversário de sua morte, foi colocada uma placa de mármore na igreja da Crocetta, perto dos bancos onde costumava ajoelhar-se cada manhã. Sob o baixo relevo que o representa de perfil os paroquianos podem ler:

Pier Giorgio Frassati,
Apostolo da Caridade.
Aqui na oração e na união eucarística de cada dia,
Achou a luz e a força que o ajudaram a vencer o bom combate,
Transpor as etapas da vida, como bom soldado de Cristo.
Para lembrança e exemplo para os moços.

Um mês mais tarde, no dia 14 de agosto de 1926, um alpinista conseguiu escalar dois cumes ainda virgens, que no mássico dos Alpes se emparelham com o Ratti; e, para perpetuar, até nos vértices das montanhas, batizou-o com o nome de Pier Giorgio Frassati.
Na Piccola Casa della Providenza, sito no vasto bairro do Cottolengo, maravilha e gloria de Turim, há um grande pavilhão com 300 quartos, que tem o nome de Pier Giorgio Frassati gravado na sua fachada. (Confere em Ecos de Memória – Dois homens ardentes de amor por Jesus e pelos necessitados).
Realizaram assim o desejo que tivera de construir, á sua custa, um estabelecimento destinado a recolher os velhos doentes que, nas suas visitas aos pobres, tantas vezes vira a cargo da família.
Foi ainda para lembrar o seu amor aos pobres que no mesmo bairro onde habitara, um dispensário dirigindo pelas Irmãs de São Vicente de Paulo socorreu numerosas famílias de infelizes, e isto durante muito tempo.
Muito mais que no mármore e no bronze, porém, sua memória vive nos corações. Anualmente, o aniversário da sua morte reúne na igreja da Crocetta as multidões ávidas de ouvir falar sobre ele. Dom Cojazzi (foi o preceptor de Pier Giorgio e seu primeiro biográfo), o padre Righini, S.J., o saudoso ex-assistente eclesiástico da FUCI, Mons. Pini, o Padre Cordovani, O.P, tomaram a si esta incumbência, e os próprios arcebispos de Turim têm proposto aos jovens o exemplo e as virtudes daquele que foi um modelo perfeito. Primeiro o Cardeal Gambá, depois, no dia 04 de julho de 1931, seu sucessor o Cardeal Fossati.
Nesse dia, em todos os pontos da Itália, estudantes, rapazes dos Círculos Católicos, pessoas gradas e mesmas religiosos e religiosas, não deixam de assinalar com a comunhão o aniversário do seu natal para o céu.
A prova disto está na espantosa difusão dos “Testemunhos” recolhidos por Dom Cojazzi, e a elevação de almas que esta leitura produz parece receber a sanção do céu. É o que prova a correspondência diária da qual vamos extrair alguns trechos mais importantes.
De um rapaz: “Há quanto tempo não ia eu à missa? Há quanto tempo deixei de rezar? Nem sei. O que sei é que, longe de Deus, da Igreja e dos Sacramentos, o homem não é mais homem, é simplesmente um animal. Foi meu irmão quem me trouxe a vida de Pier Giorgio Frassati. Comecei a lê-la, página por página sem pular nem uma palavra. No fim da leitura, minha emoção chegou ao auge. Pier Giorgio era perfeito e eu estava tão longe disso! Fiz uma revisão do meu passado e não tive dificuldade em observar que antigamente era eu mais feliz. Entretanto, agora também rezo o terço todas as noites, vou à missa, aproximo-me dos Sacramentos. Tornei a achar o belo tempo da minha juventude. Lá no alto, Pier Giorgio rezou por mim:ou antes salvou-me.”
Outro testemunho.
“Só uma vez tive ocasião de o ver. Foi durante o Congresso Eucarístico de Genova, em 1923, na praça onde se reuniam os grupos de jovens, antes da procissão. Hoje lamento amargamente não ter sabido dar valor ao rapaz que eu estava cumprimentando. Quanto mais proveitoso não haveria de ser para mim o segundo encontro! Realmente, estava longe de pensar que ele viria procura-me neste cantinho obscuro da França”.
Poder-se-iam multiplicar estes fatos e citar ainda as reflexões que acompanham os donativos de esmolas à L`Stampa que sob o título de “Caridade do Sábado” faz um apelo á generosidade do público em favor dos necessitados. (Iniciativa tomada após a morte de Pier Giorgio).
Quantos benefícios espirituais ou temporais, quantas maravilhas de graça, deixam linhas como estas, apesar do véu do anonimato: “Aos pobres de Pier Giorgio Frassati, em ação de graças por um favor extraordinário alcançado…” – “Vítima de muitos infortúnios, apelei para a bondade e compaixão de Pier Giorgio e obtive a graça e consolação.” -“Pela intercessão de Pier Giorgio Frassati alcancei uma graça que há muito tempo estava pedindo a Nosso Senhor”.
É entre os jovens, como dissemos, que se manifesta melhor o impulso das almas para aquele que tanto desejou leva-las a Cristo.
No dia 06 de abril de 1931, Pier Giorgio teria trinta anos. Inúmeras foram as associações que quiseram comemorar esse dia com uma missa, comunhão e uma visita suplementar aos pobres e aos doentes nos hospitais.
“Trinta anos não é muito na vida de um homem – Dizia Dom Cojazzi aos jovens que estavam celebrando esse aniversário – e no entanto, nessa idade o jovem já tem muito encanto. Quanto a ele, que já partiu para Cristo, sempre há de ter vinte quatro anos! Na terra a juventude dura o espaço de uma manhã; só a mocidade dos que adormeceram no beijo do Senhor  é que dura eternamente!”
No cemitério de Pollone, em uma cripta de granito revestido de mármore branco, os despojos mortais de Pier Giorgio esperam a hora da ressurreição, no meio de flores que ele tanto amava e sob o olhar vigilante dos anjos de Bonozzo Gozzoli. (Hoje após a beatificação o corpo de Pier Giorgio encontra-se na Catedral de São Giovanni Batista em Turim em uma capela lateral. Na mesma catedral encontra-se o Santo Sudário).
Na lápide tumular, encimada por uma cruz, larga e sem ornato, talhada no granito de uma montanha, lê-se o seguinte:

Pier Giorgio Frassati

Com vinte e quatro anos de idade nas vésperas
De ser diplomado engenheiro, belo, robusto, alegre e estimado –
Viu chegar de improviso seu último dia – e, como fazia em todas as circunstâncias,
Saúdo-o serenamente – como o mais belo da sua existência.
Confessou a Fé pela pureza de vida e pelas obras de caridade.
A morte o ergueu como um estandarte vivo da juventude cristã.

Estandarte vivo da juventude cristã! Será que os que mandaram gravar na pedra estas palavras de sentido tão profundo suspeitavam até que ponto a fama ia confirma-las?
Em todo caso, raras profecias foram tão bem realizadas.
Um dia Dom Cojazzi respondeu a um jovem que lhe perguntou ingenuamente por que razão Pier Giorgio parece mais vivo que quando estava na terra:
“Porque a vida dele nos ajuda a compreender a palavra do Evangelho: Aquele que ama a sua vida perdê-la-á; o que a perder neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Como o jovem do evangelho que oferecendo alguns pães, conseguiu alimentar uma multidão, Pier Giorgio, oferecendo a Crista à riqueza, a juventude e a vida, continua mesmo morto a multiplicar seus favores no coração do povo”.
Mais do que nunca, o facho está firme no candelabro e cada vez mais aumenta o facho de luz que o envolve. Sobre Pier Giorgio paira a divina promessa feita ao justo que viveu de fé: “Embora morto, ele fala sempre!”.

* Informações retiradas do livro:
Pier Giorgio Frassati
P. Marmoiton S.J.
Edição Cruzada da Boa Imprensa
Rio de Janeiro -1935

** Eduardo Henrique da Silva é responsável pelo site de Pier Giorgio Frassati no Brasil.
Leigo Domenicano, profundo conhecedor e entusiasta de Pier Giorgio.

Ser cristão significa ir contra a corrente, recorda o Papa

Pier Giorgio e Luciana Frassati

Osservatore Romano (Colab. Lucas Evyatar)

Durante um discurso dirigido ao meio-dia na Sala Clementina a uma delegação da Federação Universitária Católica Italiana (FUCI), o Papa Bento XVI recordou que ser cristão no mundo de hoje implica ser contracorrente. Em seu discurso o Pontífice elogiou a FUCI por ter contribuído “à formação de inteiras gerações de cristãos exemplares, que souberam traduzir o Evangelho na vida e com a vida, comprometendo-se no âmbito cultural, civil, social e eclesiástico”. A respeito recordou os beatos Pier Giorgio Frassati e Alberto Marvelli, assim como aos políticos italianos Aldo Moro (grande admirador de Pier Giorgio)  e Vittorio Bachelet, vilmente assassinados” e a Paulo VI, “que foi assistente eclesiástico central da FUCI nos difíceis anos do fascismo”. O Santo Padre destacou também “o testemunho convincente da ‘possível amizade’ entre a inteligência e a fé, que suporta o esforço incessante de conjugar a maturidade na fé com o crescimento no estudo e a aquisição do saber científico”. Bento XVI destacou que “o estudo é, ao mesmo tempo, uma oportunidade providencial para avançar pelo caminho da fé, porque a inteligência bem cultivada abre o coração do ser humano à escuta da voz de Deus, evidenciando a importância do discernimento e da humildade”. “Tanto hoje como no passado, quem quer ser discípulo de Cristo está chamado a ir contracorrente” e a não deixar-se influenciar por mensagens que convidam “à prepotência e à conquista do êxito com todos os meios”. Depois de destacar que na sociedade atual existe “uma corrida às vezes desenfreada à aparência e ao desejo de possuir em detrimento, por desgraça, do ser”, o Santo Padre assegurou que “a Igreja, mestra em humanidade, não se cansa de exortar especialmente às novas gerações, às que pertencem, a estar atentas e a não temer na hora de decidir caminhos ‘alternativos’ que só Cristo sabe indicar”. “Jesus chama a todos seus amigos a modelar sua existência de um modo sóbrio e solidário, a estabelecer relações afetivas sinceras e gratuitas com outros. A vós, jovens estudantes -concluiu-, pede-lhes lhes comprometer honestamente no estudo, cultivando um sentido de responsabilidade amadurecido e um interesse compartilhado pelo bem comum. Que nos anos da Universidade ofereçam um testemunho evangélico convencido e valente”.

Osservatore Romano 09.11.2007
* Colaboração Lucas Evyatar (*1976-2008)
Jovem de origem judaica depois convertido e grande admirado da figura de Pier Giorgio.

Carta convite à celebração do aniversário de Pier Giorgio

Associazione Pier Giorgio Frassati
Roma

“Eu tenho certa predileção pelo Apóstolo da Caridade”.”
Pier Giorgio

(de uma carta a Marco Beltramo
25 de março de 1925)

Para as Associações, Oratórios,
Escolas e Grupos dedicados a Pier Giorgio Frassati;
Àqueles dedicados ao ministério com os jovens;
Às confrarias, aos seminários, aos institutos,
Para todas as comunidades religiosas,
Para todos os amigos de Pier Giorgio.

Mihi vivere Christus est. Filipenses 1 :21

Caros Amigos,

Essas  palavras de São Paulo personificam Pier Giorgio. Sendo assim, neste ano dedicado a São Paulo, nosso presente para o aniversário de Pier Giorgio não poderia ser outro que não a honra a esse grande Apóstolo, a quem ele amou apaixonadamente. Sua irmã Luciana, no livro “A Fé de Frassati”, testemunhou: “Pier Giorgio sempre levou São Paulo consigo num livro de bolso; foi o São Paulo de que Pier Giorgio copiava reiteradamente as passagens à mão; eram as palavras do Apóstolo da Caridade que ele repetia nas ruas ou lia aos amigos de quarto; foi tal Apóstolo que ele recomendou com entusiasmo como um indiscutível parâmetro para a vida cristã. Não é difícil, portanto, imaginar a alegria que Pier Giorgio sentiria ao receber este presente no seu aniversário: a meditação das cartas de Paulo e nosso compromisso para convencer mais dois amigos a fazerem o mesmo.

Nós tivemos uma graça pelo fato de que o padre Thomas Rosica, CSB, CEO, presidente da “Rede Católica de Televisão Sal e Luz” do Canadá , ter composto uma novena que constitui um verdadeiro itinerário para ação e meditação dos ensinamentos de São Paulo. Começando no da 28 de março, vamos procurar encontrar tempo todos os dias para ler e refletir as epístolas recomendadas pela novena. Vamos pedir ao nosso Amigo Bem-Aventurado para nos ajudar a entender o sentido das cartas, de encontrar o poder de transformar nossas vidas e proclamar que nós queremos viver, e não apenas fingir que vivemos, já que Mihi vivere Christus est.

Vamos pedir a Pier Giorgio que nos ensine a amar com sua força e seu amor; vamos pedir-lhe especialmente, no dia 6 de abril, o seu aniversário, quando nós estivermos todos unidos espiritualmente adorando a Fonte do Amor: a Eucaristia. Nós também poderemos oferecer presentes a Pier Giorgio todos os pequenos gestos que podemos fazer durante a novena. Que ele possa alegremente apresentá-los a Jesus.

COMO PARTICIPAR:

Aqueles que desejam participar dessa iniciativa podem adicionar seus nomes  na lista,  enviando-os por email  para info@tipiloschi.com. Apenas apresente seu nome ou de seu grupo, a cidade e o país de origem. Como nos anos anteriores, todos os participantes serão listados no website dos Tipi Loschi (www.tipiloschi.com) onde poderão também fazer o download, em várias línguas, para o seu uso, do texto da novena.

Feliz Aniversário, Pier Giorgio!

Nicolò Anselmi
(Italian National Youth Ministry)

Wanda Gawronska
(Associazione Pier Giorgio Frassati)

Marco Sermarini
(The Tipi Loschi Society of Blessed Pier Giorgio Frassati)’

19 de Março de 2009.

Clique aqui para ver o texto da novena.

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